23.6.07

PRESS

Música de Zappa no Palácio de Cristal
Primeiro de Janeiro
Bárbara Gouveia

O Porto Blue Jazz’07 terminou na noite de sábado, no Palácio de Cristal, ao estilo de Frank Zappa. O octeto instrumental intitulado «Low Budget Research Kitchen» cativou as cerca de 300 pessoas ali presentes e dividiu opiniões, não deixando ninguém indiferente.

A propósito do Porto Blue Jazz’07, o jardim do Palácio de Cristal estava bastante preenchido no sábado à noite. Aliás, para José Coimbra, que costuma acompanhar os espectáculos naquele espaço, é “uma situação que se deve manter” acrescentado que “ao fim e ao cabo nem toda a gente vai de férias em Agosto”.

Muitas pessoas, de todas as idades, estavam sentadas nas cadeiras em frente à concha branca, outras encontravam-se comodamente instaladas nos ‘pufs’. Perto da hora do concerto, alguns jovens estendiam-se na relva, mais perto do palco, e uns casais e famílias encontravam lugar atrás das cadeiras verdes.

Por volta das 22h00 começaram a tocar os Low Budget Research Kitchen, um projecto instrumental da música de Frank Zappa. António Torres Pinto, ou Tony Carbone, explicou ao JANEIRO que: “Nós damos a nossa visão da música fantástica e poderosa de Frank Zappa”.
E assim foi. Durante mais de uma hora e meia, os oito instrumentistas cativaram o público, tanto com a música, como com a boa disposição com que apresentaram o espectáculo.

Para Tony Carbone, o concerto “ultrapassou as expectativas porque, como estamos em meados de Agosto e começou hoje o campeonato de futebol, não contava que tivesse tanta gente”. Porém o baterista afirma que “esta música é incrivelmente divertida de tocar” e que se divertem sempre “sejam cinco ou cinco mil pessoas” na assistência.

Poder da música
Independentemente de conhecer o grupo portuense ou a música de Zappa, “o pessoal é sensível ao poder que a música representa. É uma música que não deixa ninguém indiferente”, acrescentou Tony Carbone.

No final do concerto, Vítor Rodrigues, um dos muitos espectadores ali presentes, com um ar visivelmente feliz, afirmou que “quando há algo de improvisação, aquela coisa que sai é uma coisa que se aproxima muito do divino porque é original e profundo. Foi inventado naquele momento e não vai existir em mais momento nenhum”. Com o mesmo sorriso o espectador acrescentou que “se calhar eles vão tocar as mesmas músicas noutro concerto, no entanto há pormenores que só ficaram entre nós. Isso faz-me sentir mesmo bem”.

Porém, Mário Pastor que, chegando tarde se sentou na relva, referiu que gostou e que foi um “concerto agradável” mas, acrescentou: “Achei muito próximo do original e nesse sentido não achei muito original”.

Por sua vez, Renato Neves considerou, os Low Budget, “um projecto extremamente interessante” e que são “uma continuidade dentro daquele tipo de projecto”.

Já para José Coimbra, admitindo os Low Budget Research Kitchen como óptimos intérpretes, afirma que “não é a mesma coisa que ouvir Frank Zappa”. No entanto, Guilherme Magalhães, que já tinha assistido a um concerto da banda zappiana no Passos Manuel contou que, o concerto de sábado, “foi muito bom. Melhor do que o original, ou então uma versão muito boa”.




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Lotação esgotada para reviver Zappa


JN
Comentário: jn claudia luis

O projecto criado há um ano para prestar homenagem à música de Frank Zappa, Low Budget Research Kitchen, apresentou-se ao vivo, anteontem, no Passos Manuel, Porto. A lotação esgotou.

A sala tem capacidade para 182 pessoas sentadas e houve quem ficasse de pé. Importante era não perder a oportunidade de assistir a um concerto daquele músico genial, cuja música só se pode fruir a partir dos discos desde o dia 4 de Dezembro de 1993.

O projecto que, para já, tem o seu próximo concerto marcado para o dia 5 de Maio, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, é, sem clichê algum, a concretização de um sonho. António Torres Pinto pensava nisto há anos "Sou um apaixonado pela música de Zappa. Estudei-a durante anos a nível pessoal. Este é um sonho desde há vários anos" - conta o mentor do projecto.

Tal como Frank Zappa se deparou com contrariedades financeiras para compor um peça de orquestra (por isso lhe chamou 'low budget'), também António Torres Pinto viu o seu projecto adiado por obstáculos da mesma índole. Isso e o facto de se tratar de um repertório "muito difícil de tocar. "Umas das dificuldades que tive foi encontrar as pessoas capazes de a executar", refere o músico.

Dificuldade não é o fim

"A música de Zappa é muito densa e variada. Tem características que apelam à criatividade de cada um, é altamente estimulante, põe a cabeça a funcionar. Mas a sua dificuldade não é o seu fim. O lado de atletismo da música não me diz nada".

Para António Pinto, que decidiu estudar composição por causa de Zappa, "não havia interesse em reproduzir. Não fazemos 'covers'. Tem que ser ter o máximo de originalidade, algo importante para quem ouve e para quem pratica".

Low Budget Research Kitchen é exclusivamente zappiano e instrumental. O repertório não se esgota na música e a música está cheia de esconderijos para descobrir. "O universo zappiano é muito rico, não só em termos musicais, mas também filosóficos. Ele usa elementos como pistas secretas e motivos comuns que vão aparecendo nos vários discos".

Pete Di'Mosso, Guido Soprano, Lou Lappa, Dexter Greenberg, Johnny Edgar Zim, Lou Zerdoza, Frankie Figueroa e Tony Carbone são os músicos que integram o projecto. Em rigor, são os pseudónimos das identidades reais dos músicos. "Os nomes nasceram de 'private jokes' nos ensaios e estão ligados ao universo de Zappa. Queremos criar confusão. Já ouvimos coisas do género 'ai afinal são portugueses!'", conta Tony Carbone.

Frank Vincent Zappa, nascido no dia 21 de Dezembro de 1940 em Baltimore, Maryland, ficou para a história da música como génio, satirizador, surrealista, pioneiro do freak rock. Deixou uma discografia imensa e, apesar de a família não a ter lançado na totalidade, deixou também a maior parte da sua obra gravada. Chegou a candidatar-se à presidência dos Estados Unidos.

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Achei que era um esforço enorme porque o rigor na interpretação é fantástico e tecnicamente aquilo está impecável. Unem bem dois sons da banda de 70 com a Ruth no vibrafone e percussões, com o som de 90, com mais metais e sinths.

Gonçalo Falcão

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